Olá! Essa é a edição extra que eu tinha prometido para emparelhar a newsletter.
Na sexta-feira, trago mais três histórias e - aí sim! - estaremos quites!
Espero que goste da leitura fora da habitual sexta-feira!
Nos vemos amanhã novamente.
Nirvana - Lithium
Nevermind, 1991
Foi em janeiro de 1993 que eu ouvi falar do Nirvana pela primeira vez na vida. Isso ocorreu graças à polêmica apresentação deles no Hollywood Rock, quando Kurt Cobain parecia mais preocupado em mostrar suas partes baixas para a câmera do que tocar para uma plateia de 100 mil pessoas. Evidentemente, à beira de completar meus 8 anos de idade, Nirvana não era música para mim. Também lembro vagamente do suicídio do Kurt sendo anunciado no Jornal Nacional, naquele segundo trimestre completamente trágico de 1994, que também teve o acidente do jogador Denner e a tragédia em Ímola que matou Ayrton Senna e Roland Ratzenberger.
Depois disso, lembro que meu amigo de aula Carlos Emílio, cujo irmão mais velho tinha várias camisetas da marca Megaforce, especializada em bandas, as surrupiava para ir trajando as ditas cujas na aula. Em março de 1996, ele apareceu com uma do Nirvana, que tinha o logotipo todo distorcido em laranja nas costas. Fiquei com aquilo na cabeça não sei por qual motivo. Poucos dias depois, no programa Ponto a Ponto, da Rede Globo, uma pergunta feita pela apresentadora Ana Furtado era referente ao suicídio de Kurt Cobain. Eu nem lembrava exatamente o nome do Kurt àquela altura do campeonato, mas depois que ela linkou com o nome Nirvana isso também ficou na minha cabeça. Nessa mesma época, quando completou 2 anos do suicídio, apareceu uma revista Showbizz com o Kurt segurando uma arma em uma sessão de fotos, com a chamada "Valeu a Pena, Kurt?".
Até então eu sabia da existência do Nirvana, mas não tinha o hábito de escutar - não tinha nenhuma fita K7 pirata e eu também nem tinha CD Player. Em 1997, foi a primeira vez que assisti o clipe de Smells Like Teen Spirit, que passou no Tele Ritmo, da TV Guaíba. Confesso que o Matheus de 12 anos achou aquilo meio sujo, e fiz até um sinal de negativo com a cabeça assim que o clipe acabou. Isso deve ter sido em setembro de 1997, já na minha coleção a revista Showbizz com o Foo Fighters na capa, cuja chamada dizia que eles eram "Herdeiros do Nirvana". Ligando os pontos conclui que a banda que tocava direto no Tele Ritmo, com os clipes de Monkey Wrench e Big Me era do antigo baterista do Nirvana, Dave Grohl. Em mais um “sincericídio”, devo dizer que o Matheus de 1997 gostava mais de Foo Fighters que Nirvana. Isso mudou em 1998.
Quando eu comprei a edição ShowBizz Letras Traduzidas - Gritos de Rebeldia em março de 1998, Territorial Pissings, faixa 7 do Nevermind, estava lá como uma paulada aos ouvidos, e ainda tirando sarro de uma música hippie, que eu só conhecia na versão do Big Mountain por tocar direto na novela Explode Coração, em 1996. Era Get Together. Fiquei curioso para ouvir como as "mijadas territoriais" do Nirvana soariam, já que até então eu só conhecia a letra. Fui descobrir como era a melodia na páscoa de 1998, em visita ao meu amigo Leandro Souza, que estava com o Nevermind emprestado de alguém. Ouvimos algumas várias vezes aquele disco durante o domingo.
No mês seguinte, durante um amigo secreto fora de época no colégio Ildefonso Pinto, pedi a quem tivesse tirado meu nome que me desse uma fita K7, gravada em casa mesmo, com o Nevermind. Meu amigo Maicon, o Figo, foi quem ficou com o papelzinho com meu nome e, graças ao vasto acervo do Jacques, padrasto dele, me gravou o Nevermind na íntegra - e ainda sobrou espaço na fita, que ele completou com alguma outra banda que eu não recordo. Ouvi essa fita até ela ficar gasta. Mas, menos de duas semanas depois, eu fui até a Phonosom, finada loja de discos que ficava na Voluntários da Pátria quase esquina com a Lima e Silva em Campo Bom, e finalmente comprei o Nevermind. Tenho ele até hoje e não me desfaço. Dá para fazer um texto sobre cada música do Nevermind...
Lithium sempre foi minha canção favorita do disco. Acho que todo mundo fica feliz quando encontra os amigos, assim como o personagem da música. Parece que essa parte também era importante para o Renato Russo, que enjambrava uma versão de Lithium sempre ao final das apresentações de Perfeição, outra bela canção que um dia pode aparecer aqui pois tem história. Já cantei Lithium até no karaoke. A versão do MTV Live & Loud, juntamente com a de Drain You, é ainda melhor que a do Nevermind. No VHS Live! Tonight! Sold Out!, infelizmente, eu dava fast forward na apresentação, pois eu acho que ela foi prejudicada por um cara que parecia o Marilyn Manson dançando no palco. Coisas imbecis que só alguém com tenra idade faria.
Enfim, fica aqui o registro da versão do Nevermind, com certeza o disco que mais ouvi na minha vida, para relembrar os 28 anos da passagem do Kurt Cobain agora em abril, e também como uma elegia ao recém partido Taylor Hawkins.
Pearl Jam - Rearviewmirror
Versus, 1993
Eu não lembro a primeira vez que ouvi uma canção do Pearl Jam no rádio. Deve ter sido entre 1994 e 1995, em alguma rádio comercial, e provavelmente Alive, devido ao grande sucesso da época. Mas eu me lembro a primeira vez que tive noção da existência da banda e fui atrás de mais informações.
Foi em 1998, quando li uma crítica desfavorável sobre o discaço Yield na revista Showbizz. A galera que trabalhava nessa revista, muitas vezes como freelancer, descascava as bandas com uma veemência que mais parecia birra de criança. Nas edições seguintes, algumas cartas do público defendendo a banda, principalmente a "pérola grunge 'Alive'". Lembro de comentar com o mesmo Leandro ali do disco do Nirvana sobre como seria essa canção. Aparentemente ele também não manjava.
Só fui ter contato de verdade com Pearl Jam a partir de maio de 1999, quando apareceu na minha mão, num sábado de noite, um discman do amigo Pancho, com o Ten do Pearl Jam dentro dele. Apertei play e pulei a primeira faixa, Once, já que ela demora pra começar e pensei que pudesse até ser aquelas faixas interativas com videoclipes que a gente pulava no CD Player pra não arranhar o aparelho. Pense num burro. Ao menos logo em seguida começou Even Flow. Ali a banda me ganhou nos primeiros acordes. Só que, não lembro o motivo, não pude ouvir o resto do disco. Só ouvi Evenflow e Alive.
Na semana seguinte, fui até a Sander Games, locadora famosa de Campo Bom que, além dos cartuchos de videogame, também alugava CDs. Aluguei o Versus do Pearl Jam, por ser o único da banda que eles tinham lá. Também lembro de levar dois CDs do Kraftwerk para copiar em fita K7 para o meu pai. Era de praxe alugar CD e sair de lá com uma fita K7 da Sony, que custava apenas R$1,00, para ter seu próprio acervo em casa.
Como era bom o Versus. Uma música melhor que a outra. Ouvi aquele CD umas 10 vezes antes de entregar na locadora. A fita copiada, então...Deve ter ficado gasta. Era uma época em que eu estudava de tarde. Estava na oitava série e costumava sempre tomar banho antes do almoço ouvindo essa fita no último volume. Coitados dos vizinhos. Quando chegava a faixa 8, Rearviewmirror, minha favorita do disco naquela época, era uma catarse o berreiro na Rua Lateral, 168.
Já contei em outro texto aqui da minha frustração com o resto do Ten do Pearl Jam, naquela leva de CDs que comprei junto com Midnight Oil e Replicantes. Tempos depois fui me dar conta que minha birra com o disco era mais pela gravação, que era tenebrosa e parecia feita dentro de um copo, do que com as composições. Afinal, desde que descolei o Live On Two Legs, primeiro disco ao vivo do Pearl Jam, oriundo da coleção de meu amigo Tiago Scheffler, vi que as músicas eram uma paulada. As do Versus também ficavam melhores ainda. Só quando o produtor Brendan O'Brien refez o Ten na íntegra, chamando o projeto de Ten Redux, finalmente eu gostei mesmo da versão em estúdio. Considero até hoje Versus muito melhor que o Ten talvez por causa desse início aí, lá em 1999.
Fui no show do Pearl Jam em Porto Alegre no estádio do Zequinha em 11.11.11, data cabalística, junto com os amigos Leandro Vignoli e Eduardo Herrmann (que só encontrei depois do show). Rearviewmirror a essas alturas já não estava nem entre as minhas 10 músicas favoritas da banda, mas, quando eles tocaram fechando o BIS 2, parece que aquela história de portal do tempo funcionou novamente. Que paulada. E acho que retrovisor é um tema que condiz bem aqui com a newsletter, pois é sempre bom dar uma olhada no que ficou para trás e depois olhar para frente com mais atenção.
Pearl Jam é a minha banda favorita desde 1999. Tenho todos os discos que me interessam em formato físico. Pretendo algum dia comprar até os que não me interessam, só para fechar a coleção. Caso você queira me mandar algum, saiba que me faltam o Backspacer, o Lightning Bolt e o Gigaton. Quem não arrisca, não petisca, e dá para ser cara de pau às vezes.
Até a próxima,
Matheus
Nem lembro como essas 2 bandas chegaram em meus ZUVIDOS. Um belo dia, lá estavam. Não tenho nada favoritão de ambas.