Olá!
De volta depois da pausa para descanso(?!) em São Paulo, onde o que menos fizemos foi descansar - ainda bem. Hoje, fechando o ciclo de trilhas de novela, um duo temático Glória Perez, que pega as duas primeiras novelas das 21h que ela escreveu. As lembranças não são exatamente das tramas, mas do que as envolveu.
Boa leitura! Espero que goste!
Take That - Back for Good
Nobody Else, 1995
Back for Good começou a tocar incessantemente no primeiro semestre de 1996, quando entrou na trilha sonora de Explode Coração. A novela dos ciganos foi a primeira a falar sobre internet no Brasil, principalmente a questão do bate-papo virtual. Parecia coisa de ficção científica na época. Hoje isso é tão corriqueiro e enraizado no nosso dia a dia que parece impossível não termos contato com alguém - mesmo que não queiramos. Essa não foi a música mais famosa da trilha internacional da novela. Foi Estoy Enamorado, de Donato y Estefano, um arrasa quarteirão que foi assassinado por João Paulo e Daniel pouco tempo depois.
O primeiro semestre de 1996 ficou marcado pela perda brutal dos Mamonas Assassinas logo no começo de março. Também foi em março que o Mel Gibson passou o carro no Oscar, ganhando o prêmio de melhor diretor e também o de melhor filme por Coração Valente, um clássico absoluto até hoje. O Quatrilho, filme de Fábio Barreto, indicado a melhor filme estrangeiro, não levou a estatueta. Eu acho que O Quatrilho deve ter sido o último filme exibido pelo extinto Cine Rio, de Campo Bom, que fechou entre 1996 e 1997 para se tornar a Moinho Danceteria - também já finada. Deve ter ficado em cartaz por mais de um ano, ao módico preço de R$1,00 a sessão. Esses dias revi o filme com a Etti no Globoplay. Até que envelheceu bem.
Tivemos também a estreia do Sai de Baixo, nos domingos à noite depois do Fantástico. O programa abriu um espaço nobre para o humor na emissora, na tentativa de frear a altíssima audiência do Topa Tudo por Dinheiro, de Silvio Santos, que exibia as Câmeras Escondidas com Ivo Holanda, Gibe, Carlinhos Aguiar, Ruth Romsy e um então iniciante Celso Portiolli. Além disso, a estreia do Ponto a Ponto, também aos domingos - mas nas tardes globais. O programa era uma versão brasileira de um formato espanhol chamado Gran Juego de La Oca, e foi reprisado anos atrás pelo VIVA. Também já falei brevemente do programa aqui, mas na minha memória ele era bem mais extremo do que quando assisti à reprise. Tem coisas que deveriam ficar apenas na memória.
O Take That voltaria a fazer muito sucesso também na novela Vira Lata, que já foi tema aqui, com um cover do Bee Gees. Mas quando penso na banda, que lançou ao estrelato Gary Barlow e o ótimo Robbie Wlliams, a primeira que me vem à cabeça é Back for Good. É uma música que combina com o clima do agradável frio de outono, época em que as rádios passavam essa música dia e noite. É a música ideal para karaokês, se possível de galera, para ter vozes fazendo o coro do refrão. Já fizemos isso num Sinistro no Porque Sim e foi sucesso.
Grupos vocais sempre foram uma das minhas preferências quando criança. De coisas horríveis como Dominó, passando por coisas cafonas como Color Me Badd e New Kids on The Block, à coisas maravilhosas e antigas como Platters, Four Tops, até chegar em Boyz II Men e outros mais recentes. O Take That sempre foi um dos grandes baluartes dessa música suave e grudenta, que faz a gente cantarolar indefinidamente. Palmas para eles.
Sting - Desert Rose
Brand New Day, 1999
Desert Rose me lembra uma fase muito estranha da vida. Era o começo de 2002. Depois de alguns anos, eu voltava à estudar no período da tarde, coisa que sempre detestei. Para piorar, eu basicamente ficava na Fundação Liberato (ensino técnico) manhã, tarde e noite. Era tanta matéria diferente que dava um nó na nossa cabeça. Quando eu conseguia ficar ao menos as manhãs em casa, colocava para gravar os Thundercats e Corrida Maluca em VHS, que estavam em reprise no SBT, e o Dragon Ball redublado da Álamo, que a TV Globinho exibia junto com o engraçado Medabots.
Também foi a época de preparação para a Copa do Mundo. O Clone, novela em que a música fazia parte da trilha sonora, já era um grande sucesso desde o final de 2001. Foi um pouco afetado pelo fenômeno da Casa dos Artistas, que era exibido em pílulas diárias alguns meses antes da Globo exibir o primeiro Big Brother Brasil. Silvio Santos sacaneou a Endemol, criadora do formato original, e não foi pouco.
O sucesso absurdo da Casa levou à uma nova versão já no começo de 2002, com um elenco muito palha, que incluia um dos gêmeos do H, Rafael Vanucci, André Gonçales (que está devendo pensão para a filha dele com Teresa Seiblitz, a Dara de Explode Coração), Cynthia Begnini (outra que também teve uma filha com André e, surpresa, ele também deve pensão), Feiticeira, Victor Belfort, Mariana Kupfer, Tiazinha (na época já Susana Alves), entre outros lado B.
Na mesma época, a Bandeirantes fez a demência de escalar Marcos Mion, vindo da MTV, para apresentar um programa ao vivo em horário nobre: o Descontrole. Obviamente que isso ia dar merda. Os quadros eram muito pesados, rolava uma censura grave por parte da patrulha, e Mion viu seu programa ser transformado no Sob Controle, uma gincana insossa nos moldes do Passa ou Repassa. Uma pena, pois foi lá que conhecemos pérolas como o Momento Insano, da Pepa Filmes, além de boa parte do acervo audiovisual da TV Bandeirantes, que era esculhambado por Mion e sua batuta, o Fante. Atualmente, Mion tenta fazer o mesmo com o acervo da Globo, de forma mais branda, nas tardes de sábado, comandando o seu Caldeirola.
O Clone encerrou exatamente na metade da Copa do Mundo de 2002. Foi um período em que todo mundo praticamente virava as madrugadas para assistir aos jogos e ia para a aula feito um zumbi. Diversas partidas foram assistidas no bar da Fundação Liberato, graças à vagabundagem tanto dos alunos quanto dos professores, que pareciam odiar as aulas tanto quanto a gente naquele período de jogos. Um dos jogos mais marcantes assistidos lá foi a eliminação da Itália para a Coreia do Sul, na terça-feira seguinte à exibição final de O Clone. Lembro que os comentários eram que a eliminação da Itália era a pior propaganda possível para Esperança, novela que tinha estreado no dia anterior e, em teoria, seria uma Terra Nostra 2.0. Porra nenhuma. A novela era uma merda sem tamanho e espero que a saga de Maria e Toni nunca mais veja a luz do dia.
A novela O Clone, marcada por suas dancinhas e eternizadas pelo Casseta e Planeta em esquetes semanais, também era sucesso com a gurizada na hora de aloprar. A dancinha do Tio Ali, interpretado por Stenio Garcia, era evocada muitas vezes ao som de Desert Rose no saguão da Mecânica. Era uma alopração tremenda.
Desde que o Sting resolveu se envolver com World Music ainda na primeira metade dos anos 1980, ele pariu diversas pérolas do cancioneiro popular. Desert Rose é uma delas, e que apesar de ter sido lançada em 1999, foi estourar no Brasil só mesmo em 2002. Curioso, pois poderia ter sido um bom rival para El Arbi, de Khaled, música de 1992, e que só estourou no Brasil em 1999 graças a sei lá o quê. Virou tema dance até de CD de coletânea da Paradoxx Music junto com Tarkan e outras coisas asiáticas, com uma capa insólita do Celso Portioli usando turbante, e tema de quadro de humor do Café com Bobagem em A Praça É Nossa.
Por fim, Desert Rose lembra muito o pentacampeonato do Brasil. Quem sabe, 20 anos depois, no meio do deserto, o cu do Brasil fique tipo uma rosa, e dê sorte de trazer o caneco mais uma vez. Tá na hora.
Até a próxima semana.
Matheus
Algo já me dizia, lá no ano passado, que teríamos um 2022 bem parecido com o saudoso ano de 2002. Motivos são muitos: Copa do Mundo na Ásia, Eleições Presidenciais (essas podem terminar de um jeito bem parecido, inclusive), O Clone na tela da Globo e o Inter brigando pra não cair (essa ainda está em aberto). No meu caso, algo que costuma ficar nos ouvidos durante as Copas são os temas de comerciais que chegam a ser reprisados à exaustão. Em 2002, tínhamos o comercial do Polo Hatch ao som de Pela Luz Dos Olhos Teus. Na época eu sentia raiva de tantas vezes que assistia aquele comercial com aquela música (até porque passava praticamente 24h por dia com a TV ligada), mas hoje me bate uma saudade quando assisto ao comercial. O mesmo vale para os chicletes que tocavam na Copa de 2014 ("Glad You Came" e o grudento "Mostra tua força, Brasil", do Itaú) e que me teleportam diretamente para aquele junho/julho memorável. A Copa de 2002 é uma das que me trazem as melhores lembranças possíveis, até por ter sido no último ano do intragável Ensino Médio e eu ter matado aula praticamente todos os dias pra ver os jogos (ou seja, quase todo os dias). Até hoje, eu sei dizer onde eu estava em cada uma das 64 partidas e até das sensações vividas a cada gol ou lance memorável. Que baita Copa aquela!